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quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Ainda somos os mesmos – e vivemos como nossos pais





Sem perceber, eu aprendia isso com ele.
Apesar disso, antes dos quarenta eu já tinha um hábito no meio corporativo, que era estranho para uns, mas cujo significado era maior do que a atitude em si – desde pequena, quando via meu pai em negociações, ele dizia que a confiança era a alma de qualquer negócio. Por isso, a palavra dele valia mais do que tudo. E ele fechava contrato ‘no fio do bigode’.
Cresci valorizando tanto a palavra que um advogado ficaria de cabelo em pé se presenciasse minhas negociações. Olho no olho e trato feito. Era assim que eu lidava com questões importantes.
Mas só conseguia fazer isso porque herdara da Dona Lourdes uma percepção aguçada para detectar em que podia e em quem não podia confiar.
Minha mãe era certeira quando olhava pra alguém que não lhe agradava – enquanto eu confiava demais, ela tinha um sensor que não me deixava entrar em nenhuma fria. E, com o passar do tempo, fui percebendo o quanto essa sabedoria me ajudava.
Foi com a minha mãe que entendi o quanto era importante ter disciplina, o valor sagrado de uma refeição em família e como um coração podia ficar preenchido depois de uma refeição preparada com amor. Ah, aprendi também que a vida era justa e dava voltas – e recompensava e punia as pessoas com o mesmo rigor.
Os olhos da minha mãe me conduziam às minhas origens. E talvez não há nada mais importante nos dias atuais do que reconhecer e valorizar as nossas raízes. Em tempos tão superficiais, em que a tecnologia avança e nos distancia de nós mesmos, em que os filhos acham que sabem mais, mas não se aprofundam em nada, talvez seja uma boa ideia olhar para o passado e entender a lógica de quem nos criou.
A vida sempre anda pra frente. Mas muitas vezes ainda somos os mesmos, e vivemos, como os nossos pais.
E isso, em alguns momentos, pode ser bom.


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